Nestes tempos turbulentos que vêm castigando o nosso cotidiano, estamos todos procurando caminhos para recuperar nosso equilíbrio, e nos reconectarmos com o nosso bem-estar. Com isso, mais e mais pessoas têm descoberto o restaurador poder da meditação.

A prática milenar da meditação, a que até o começo da década de 60 só os budistas e mestres de ioga se dedicavam, hoje tem dezenas de milhões de adeptos no mundo ocidental.

Os estudos científicos e a massa crescente de iniciados estão descobrindo o que os praticantes ancestrais já sabiam milênios atrás: a meditação dedicada não tem apenas o poder de restaurar a sensação de calma em meio às demandas da vida diária.

Ela  fortalece igualmente a mente e corpo e, acima de tudo, promove felicidade e bem-estar a longo prazo e libera os vastos reservatórios de potencial criativo da mente.

E isso não é uma crença ou interpretação. Ao contrário do que acontece com várias terapias alternativas, a Ciência não trata a meditação com ceticismo e descaso. O assunto é intrigante e merece muitas pesquisas.

Há sempre novos estudos constatando sua consistência. Grande parte deles tem revelado os impactos de longo alcance que uma prática de meditação regular pode ter não apenas na nossa mente mas também no nosso corpo.

Os resultados demonstraram que algumas técnicas de meditação podem até mesmo mudar a estrutura do cérebro.

“Malhação” cerebral

Uma dessas técnicas é conhecida como Mindfullnes, ou Atenção Plena. Esse é um tipo de meditação em que você se concentra intensamente no que está sentindo naquele momento preciso, sem interpretação ou julgamento.

A técnica da atenção plena envolve métodos de respiração, imagens guiadas e outras práticas para relaxar o corpo e a mente e ajudar a reduzir a tensão. Ou seja, a meditação consciente pode criar mudanças físicas no cérebro, exatamente como acontece com os seus músculos quando você faz exercícios regularmente.

As células cerebrais se reorganizam, e se adaptam de maneira dinâmica, criando novos caminhos dentro do cérebro. Em síntese, como você pensa e sente muda essas estruturas neurais.

Em outras palavras, ao “flexionar” o músculo da atenção plena repetidamente, você efetivamente muda o “físico”, ou forma, de seu cérebro. Essa incrível flexibilidade cerebral se chama neuroplastia.

Essas transformações nem levam muito tempo para começar a ocorrer. Um equipe da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, por exemplo,  já constatou mudanças na conformação do cérebro, em apenas oito semanas da prática da meditação consciente, bem como um aumento no volume da massa cinzenta.

A matéria cinzenta, integrante do nosso sistema nervoso central,  compõe a maioria dos corpos celulares neuronais do nosso cérebro. Esse tipo de tecido é particularmente importante sobretudo nas áreas responsáveis ​​pelo controle muscular, percepção sensorial, emoção, memória, tomada de decisões e autocontrole.

Ativação dos bons hormônios

Da mesma forma, outra demonstração do surpreendente poder da meditação é que ela ajuda a medir o seu  impacto no aumento das substâncias químicas do cérebro. Praticar meditação influencia a produção de neurotransmissores essenciais. Veja só:

Serotonina – aumenta esta substância química conhecida como o “hormônio do bom humor”
Cortisol – diminui esse hormônio do estresse
DHEA – aumenta os níveis deste hormônio da longevidade
GABA (ácido gama-aminobutírico) – melhora o efeito calmante desse um aminoácido natural,  principal transmissor inibitório no sistema nervoso central (SNC), produzindo sensação de calma e relaxamento, modulando contrações musculares e induzindo o sono.
Endorfinas – aumentam a sensação proporcionada por esses “neurotransmissores da felicidade”
GH (Growth Hormone) ou Hormônio do crescimento – eleva os níveis deste produto químico de preservação da juventude,que diminui naturalmente com a idade
Melatonina – aumenta o “hormônio do sono”, responsável por um sono reparador e ajuda na regulação do humor

Isso tudo explica, portanto, a sensação zen que obtemos com a meditação, que nos permite navegar por situações estressantes com calma, clareza e senso de perspectiva. Mas a força que a meditação atinge vai bem mais além de ajudar na concentração e promover relaxamento, paz interior, redução do estresse e fadiga.

Pesquisadores já concluíram que o poder da meditação ajuda a reduzir os sintomas de ansiedade e depressão. No entanto, quando combinada com a medicina convencional, a prática pode   melhorar muito a qualidade da saúde física.

A mesma eficácia dos antidepressivos

Algumas pesquisas sugerem que a meditação permite controlar os sintomas de doenças como insônia, cardiopatias, câncer e problemas digestivos.

Outra instituição de renome a dedicar recursos à investigação do poder da meditação é a universidade americana Johns Hopkins, em Baltimore, que dá ênfase à pesquisa acadêmica.

Uma equipe recentemente analisou a reação da prática à capacidade de reduzir os sintomas de depressão, ansiedade e dor. Os resultados indicaram um efeito moderado de 0,3.

Apesar de parecer mínimo, os pesquisadores lembraram que o efeito dos antidepressivos também é 0,3. Ou seja, a meditação, em alguns casos, tem exatamente a mesma eficácia dos remédios.

Já se comprovou que a meditação com constância ajuda a engrossar o córtex pré-frontal. Essa é a parte central do cérebro,  que comanda as funções cerebrais  que envolvem as reações mais conscientes.  Além disso, médicos da Universidade de Laval, no Quebec, Canadá, também conseguiram cientificamente associar esse efeito da meditação a uma menor sensibilidade à dor.

Na população analisada, os praticantes de meditação também apresentaram  o córtex significativamente mais espesso do que os pacientes que não meditavam. Ao lado disso, a meditação também os induzia a manter uma respiração mais controlada e lenta.

De acordo com o estudo, esses dois fatores  contribuíam sensivelmente para relaxar o corpo e influenciar a maneira como o organismo reage a estímulos dolorosos.

Naturalmente, a meditação  não é uma cura nem a solução única para todos os males,  mas pode ser uma excelente ferramenta para o tratamento de aflições emocionais e mesmo de  controle dos sintomas de doenças físicas.

Só que nem todo mundo sabe meditar… Entretanto, a meditação é mais simples do que a maioria das pessoas pensa.

Meditar é mais simples do que se pensa

Então, se você quiser tentar pela primeira vez, aqui vão algumas dicas que podem ajudar:

1) Encontre  um local tranquilo
Antes de mais nada, escolha um lugar para se acomodar que seja calmo e silencioso, porque a mente se distrai muito rápido com barulho e movimento.

2) Defina um limite de tempo
Se você está apenas começando,  em primeiro lugar estabeleça  um curto período de tempo, como cinco ou 10 minutos.

3) Observe seu corpo
Em seguida, você pode se sentar em uma cadeira com os pés bem apoiados, ou no chão, com as pernas cruzadas cruzadas uma por cima da outra, ou mesmo ficar deitado.  O importante é estar estável e numa posição confortável, de sorte que você  possa  permanecer assim por esse tempo que determinou.

4) Sinta sua respiração
Preste atenção em como o entra e sai do seu seu corpo.

5) Observe quando sua mente divagou
Inevitavelmente, sua atenção vai começar a se dissipar. Assim, quando você perceber que está começando a divagar,  volte a se concentrar na respiração.

6) Seja gentil com sua mente errante
Não se julgue ou fique obcecado com o conteúdo dos pensamentos em que você se perde. Basta voltar a focar na respiração.

7) Encerre com gentileza
Enfim, quando estiver pronto, levante suavemente o seu olhar (se seus olhos estiverem fechados, abra-os). Reserve um momento para ouvir os sons no ambiente. Observe seus pensamentos e emoções, e como seu corpo se sente agora.

É só isso! Conforme você for praticando, vai ficando cada vez mais fácil. Com frequência e repetição, você vai ganhando mais e mais controle da sua mente. E vai descobrir o incrível poder da meditação, e como ele pode melhorar a sua qualidade de vida!

Com a colaboração de Thalita Mion

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